Maximizar a competitividade internacional em inteligência artificial (IA) é uma prioridade máxima para os Estados Unidos, mas o caminho a seguir está longe de ser simples. Enquanto os formuladores de políticas debatem a melhor forma de garantir a vantagem tecnológica da América, uma proposta — impor tarifas amplas sobre importações de hardware de IA — gerou uma discussão intensa. Vamos analisar por que essa abordagem pode sair pela culatra e como estratégias mais inteligentes poderiam ser.
Imagine um setor de IA nos EUA próspero, impulsionado por pesquisas de ponta e investimentos robustos. Agora, imagine esse mesmo setor enfrentando de repente custos mais altos para o próprio hardware necessário para inovar — GPUs, CPUs e conjuntos de circuitos impressos (PCAs). Esse é o risco representado por tarifas abrangentes sobre importações de semicondutores, mesmo de parceiros amigáveis como Taiwan e México. Embora a intenção seja proteger a segurança nacional e incentivar a fabricação doméstica, a realidade é que tais tarifas podem desacelerar o progresso da IA internamente e dar um impulso inesperado a rivais como a China.
O Hardware por Trás do Boom da IA
Avanços em IA não acontecem no vácuo — eles dependem de hardware poderoso. GPUs e CPUs são os motores que treinam modelos massivos de IA, enquanto os PCAs conectam esses componentes em servidores e centros de dados. A demanda por essas peças disparou à medida que a adoção da IA acelera, com as importações de PCAs sozinhas mais que quintuplicando desde 2021. Para as empresas dos EUA, o acesso a hardware acessível e de alta qualidade é essencial para se manter à frente na corrida global da IA.
Mas aqui está o problema: hardware é caro. Pesquisas mostram que chips e componentes de servidores representam cerca de metade do custo de treinar modelos avançados de IA. Se as tarifas elevarem os preços, não são apenas as gigantes de tecnologia que sentirão o impacto — startups e novos entrantes podem ser excluídos, sufocando a inovação e a competição.
Parcerias Globais Importam
Os EUA não operam isoladamente. Taiwan e México são fornecedores-chave de tecnologia de uso dual — hardware com aplicações civis e militares. A indústria de semicondutores de Taiwan, por exemplo, está investindo bilhões nos EUA, enquanto o México é o maior fornecedor de GPUs, CPUs e PCAs em valor. Tarifas sobre essas importações não apenas tensionariam as relações com parceiros vitais, mas também limitariam o acesso das empresas americanas ao mercado global.
Consequências Não Intencionais: Ajudando a Concorrência
Ironicamente, tarifas destinadas a fortalecer a segurança dos EUA podem acabar ajudando a China. Ao dificultar para as empresas americanas a obtenção de hardware acessível, as tarifas podem levar outros países a aprofundar laços com Pequim. Já há evidências de transferência de tecnologia e transbordo através do Sudeste Asiático, com empresas chinesas aproveitando centros de dados regionais e cadeias de suprimentos. Se a política dos EUA afastar parceiros, corre o risco de minar os controles de exportação e tornar os concorrentes chineses mais formidáveis.
Estratégias Mais Inteligentes para a Liderança dos EUA
Então, qual é a alternativa? Em vez de tarifas abrangentes, controles de exportação direcionados têm se mostrado eficazes para limitar o acesso da China a semicondutores de alta tecnologia. Ao mesmo tempo, os EUA podem intensificar incentivos para a fabricação doméstica de chips — pense no CHIPS and Science Act — e fomentar a colaboração internacional com aliados confiáveis. Essas abordagens apoiam tanto a segurança quanto a inovação, sem os danos colaterais das tarifas amplas.
Conclusões Práticas para Formuladores de Políticas e Indústria
- Priorizar controles de exportação direcionados em vez de tarifas amplas para evitar prejudicar empresas e parceiros dos EUA.
- Investir na fabricação doméstica de semicondutores e em P&D para reduzir a dependência de importações.
- Fortalecer alianças com fornecedores-chave como Taiwan e México por meio de comércio e investimento.
- Monitorar cadeias globais de suprimentos para sinais de vazamento tecnológico e adaptar políticas conforme necessário.
- Apoiar startups e novos entrantes para manter o ecossistema de IA dos EUA dinâmico e competitivo.
Resumo dos Pontos Principais
- Tarifas amplas sobre hardware de IA podem aumentar custos para empresas dos EUA e desacelerar a inovação.
- Parceiros-chave como Taiwan e México são essenciais para a cadeia de suprimentos de IA dos EUA.
- Tarifas podem beneficiar inadvertidamente a China ao incentivar transferência de tecnologia e alianças regionais.
- Controles de exportação direcionados e investimento doméstico são ferramentas mais eficazes.
- Manter a liderança dos EUA em IA requer políticas inteligentes e colaborativas — não isolacionismo.