A inteligência artificial (IA) não é mais um conceito futurista — é uma realidade presente que está moldando indústrias, economias e sociedades em todo o mundo. Com 72% das empresas já utilizando IA em pelo menos uma função de negócios (um aumento em relação a apenas 20% em 2017), a rápida adoção dessa tecnologia é ao mesmo tempo empolgante e desafiadora. Mas, à medida que a influência da IA cresce, também aumentam as preocupações sobre seus riscos, justiça e a necessidade de uma supervisão eficaz.
Recentemente, o Corpo Consultivo de Alto Nível sobre IA das Nações Unidas (HLAB) lançou um relatório histórico que urge o mundo a repensar como governamos a IA. A mensagem deles é clara: o alcance global da IA exige uma resposta global.
A Promessa e o Perigo da IA
A IA possui um imenso potencial. Já está acelerando pesquisas biomédicas, otimizando o uso de energia e aumentando a produtividade de pequenas empresas. Esses avanços podem impulsionar o crescimento econômico e melhorar vidas. No entanto, os benefícios da IA não são distribuídos de forma equitativa. Alguns países e comunidades correm o risco de ficar para trás, enquanto outros podem enfrentar riscos desproporcionais — como desigualdade de informação ou ameaças à segurança nacional.
A pesquisa do HLAB destaca um ponto crucial: as regulações atuais de IA são majoritariamente nacionais ou regionais, mas a IA em si não conhece fronteiras. Essa desconexão pode levar a lacunas na supervisão, padrões inconsistentes e oportunidades perdidas de colaboração.
Por que uma Abordagem Global é Importante
Imagine um mundo onde cada país define suas próprias regras para a IA, com pouca coordenação. As empresas poderiam enfrentar requisitos conflitantes, e populações vulneráveis poderiam ser deixadas de lado. O HLAB argumenta que somente uma abordagem unificada e internacional pode garantir que a IA seja usada para o bem comum e que suas oportunidades sejam compartilhadas de forma justa.
Uma das recomendações-chave do HLAB é adotar uma "abordagem baseada na vulnerabilidade" para a regulação. Isso significa identificar quem está mais em risco dos impactos negativos da IA e garantir que suas vozes sejam ouvidas nas decisões políticas. Inclusividade não é apenas uma palavra da moda — é essencial para construir confiança e legitimidade na governança da IA.
O Roteiro da ONU para a Governança da IA
Então, como seria um marco global de governança da IA? O HLAB propõe várias ações práticas:
- Estabelecer um Painel Científico sobre IA: Modelado após o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, esse grupo forneceria aconselhamento independente e especializado para informar políticas e regulações.
- Harmonizar Padrões de IA: Por meio de uma Troca de Padrões de IA, partes interessadas de todo o mundo poderiam colaborar para reduzir inconsistências e melhorar a interoperabilidade entre regulações nacionais.
- Definir Padrões Globais de Dados: Como os dados são a base da IA, o HLAB recomenda criar padrões internacionais para dados de treinamento de IA. Isso ajudaria a garantir diversidade e justiça dos dados, além de orientar como os dados são gerenciados e compartilhados.
Esses passos são projetados para fechar lacunas na coordenação e implementação, garantindo que nenhum país ou comunidade fique para trás.
Lições Práticas para Formuladores de Políticas e Partes Interessadas
- Participar de Fóruns Internacionais: Os formuladores de políticas devem participar ativamente de discussões e iniciativas globais sobre governança da IA.
- Priorizar a Inclusividade: As regulações devem considerar as necessidades dos grupos vulneráveis e garantir sua representação nas decisões.
- Promover a Diversidade de Dados: Organizações devem adotar melhores práticas para coletar e gerenciar conjuntos de dados diversos para reduzir vieses nos sistemas de IA.
- Apoiar Esforços de Padronização: Líderes da indústria podem contribuir para o desenvolvimento e adoção de padrões harmonizados de IA.
Olhando para o Futuro: A Colaboração é Fundamental
O apelo da ONU por uma abordagem global para a regulação da IA é oportuno e necessário. À medida que a IA continua a evoluir, nossas estratégias para gerenciar seus riscos e maximizar seus benefícios também devem evoluir. Trabalhando juntos — através de fronteiras, setores e comunidades — podemos construir um futuro onde a IA sirva à humanidade como um todo.
Principais Lições:
- O impacto global da IA requer cooperação e regulação internacional.
- Uma abordagem baseada na vulnerabilidade garante inclusividade e justiça na governança da IA.
- Harmonizar padrões e práticas de dados pode fechar lacunas e reduzir riscos.
- Formuladores de políticas, indústria e sociedade civil têm papéis a desempenhar na formação do futuro da IA.
- As recomendações da ONU oferecem um roteiro para um desenvolvimento de IA mais seguro e equitativo.